quinta-feira, 27 de setembro de 2018

REFORMAS


Corações quebrados, não necessariamente por amor, são casarões antigos. São majestosos e cheios de lembranças, de mágoas e que imploram por reformas, novos ares. Paredes e chão sujos, vidraças estilhaçadas, portas emperradas, canos enferrujados e luz cortada. Um caos.
E o que devemos fazer primeiro? Prá tentar consertar é necessário que derrubemos tudo. De alto a baixo. Sem dó e nem piedade. Prá rebocarmos as paredes e trocar o piso o casarão precisa estar vazio.    
Com coisas do coração é a mesma coisa.
Longe de querer dramatizar o drama ou inventar a cura para as dores de amor, mas tudo tem seu tempo. Então, o luto se faz necessário.
É preciso tempo para colocar os sentimentos em ordem e esvaziar o coração.
Fácil? Não é e nunca será e só quem já passou por reformas é que sabe que a única coisa que importa é a paciência.
O tempo da reforma é proporcionalmente igual ao seu tamanho. Então, em ambos os casos, reformas no casarão ou no coração, necessitam de saúde mental, acima de tudo.
Precisamos aceitar a dor e entender a bagunça para saber o que exatamente fazer com as mudanças.



PS: Rolando Adriana Calcanhoto gritando aquilo tudo que a gente não tem coragem de dizer em voz alta!!!!!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O QUE NÃO PODE SER QUE NÃO É


Para o meu malvado favorito.

Como explicar o sentimento que brota no meio dos afazeres diários, assim de repente? Acontece, inevitavelmente, com todos. Assim espero.
E o pior é que você reconhece esse sentimento. É algo íntimo e familiar e eu o defino como saudade do que você nunca viveu.
O que fazer com esse sentimento? Nada, apenas esperar que ele se afaste de você. Esperar que aquele bando de pequenas saudades ganhe vida própria e saia portão afora da sua mente, do seu corpo e da sua memória.
Primeiramente ele bate na sua mente como um carro de fórmula um, firme e veloz, e depois se afasta e como em uma curva perigosa, ele volta e rodopia ao teu redor, tomando o seu corpo e invadindo a sua alma.
Faz ninhada em seu ventre e te faz recordar algo que nunca vivenciou. Te faz melancólico sem saber o porquê.
Você insiste e esfrega os olhos, mas ele continua lá te fazendo recordar o não vivido, o não existente, uma saudade que chega a doer.
E assim, de repente, as atribulações te chamam à realidade e esses sentimentos somem livres e dignos, deixando apenas um vazio dentro de você. Sem dizer adeus, pegam suas malas e saem porta afora.
E, então você pode respirar novamente. Você já pode vivenciar a rotina cotidiana. Afinal, era apenas uma saudade. Saudade do que você nunca vivenciou. Saudade do que poderia ter sido. Saudade do que poderia ter vindo a ser. Saudade de tudo e do nada. Saudade daquilo tudo que não veio, mas que deixou um vazio.