domingo, 10 de julho de 2016

EXPRESSÕES QUASE IDIOMÁTICAS

A vida muda e com ela a nossa linguagem. Exemplos de fidelidade para as nossas expressões, os “palavrões” se tornaram válidos, criativos e necessários.
Prá caralho pode significar quantidade e, às vezes, qualidade. Prá caralho tende ao infinito, quase uma expressão matemática. Tá quente prá caralho, trampei prá caralho, bebo prá caralho...  
Sub-gênero do “prá caralho”, mas no sentido negativo da coisa, esta o “Nem Fudendo”. Ele encerra o assunto com plenitude. Expressão que nos deixa de consciência tranquila no libera. Vamos ao baile funk? Nem fudendo. Você vota no PT? Nem fudendo...    
Por sua vez, o “Porra Nenhuma” juntou a negação com o escárnio. Ele nos dá sensações de bem-estar interior. É tornar pública a farsa de um canalha, tardiamente. Fulano fez o relatório sozinho. Porra nenhuma! Fulana de tal é expert na cozinha. Porra nenhuma!
Existem os clássicos: “Puta que o pariu”, dito calmamente, sílaba por síbala. Ele te coloca em um estado de alerta.
E o que dizer do nosso brasileiríssimo “Vai Tomar no Cu?” (meu preferido) e sua maravilhosa e reforçadora derivação “Vai Tomar no Olho do seu Cu”. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e dispara: “Chega! Vai tomar no olho do seu cu!”. Você retoma as rédeas de sua vida, sua autoestima..
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do dito português vulgar: “Fodeu!” (ou “fudeu”, mais vulgar ainda). E sua derivação mais avassaladora ainda: “Fodeu de vez!”. Você consegue definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o limite máximo imaginável de terrível enrascada? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar. Confesse: o que você fala? “Fudeu de vez!”, é claro.

Sem contar que o nível de estresse de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de “foda-se!” que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do “foda-se!”? O “foda-se!” aumenta a autoestima, torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas.Liberta. “Não quer sair comigo?” Então, “foda-se!”. “Vai querer decidir essa merda sozinho mesmo?” Então, “foda-se!” O direito ao “foda-se!” (às vezes, acompanhado do jurássico com PH de pharmacia) deveria estar assegurado na Constituição Federal, quiçá na Declaração Universal dos Direitos do Homem.