A vida muda e com ela a nossa linguagem. Exemplos de
fidelidade para as nossas expressões, os “palavrões” se tornaram válidos,
criativos e necessários.
Prá caralho pode significar quantidade e, às vezes,
qualidade. Prá caralho tende ao infinito, quase uma expressão matemática. Tá quente
prá caralho, trampei prá caralho, bebo prá caralho...
Sub-gênero do “prá caralho”, mas no sentido negativo da
coisa, esta o “Nem Fudendo”. Ele encerra o assunto com plenitude. Expressão que
nos deixa de consciência tranquila no libera. Vamos ao baile funk? Nem fudendo.
Você vota no PT? Nem fudendo...
Por sua vez, o “Porra Nenhuma” juntou a negação com o
escárnio. Ele nos dá sensações de bem-estar interior. É tornar pública a farsa
de um canalha, tardiamente. Fulano fez o relatório sozinho. Porra nenhuma! Fulana
de tal é expert na cozinha. Porra nenhuma!
Existem os clássicos: “Puta que o pariu”, dito calmamente,
sílaba por síbala. Ele te coloca em um estado de alerta.
E o que dizer do nosso brasileiríssimo “Vai Tomar no Cu?”
(meu preferido) e sua maravilhosa e reforçadora derivação “Vai Tomar no Olho do
seu Cu”. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando,
passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e
dispara: “Chega! Vai tomar no olho do seu cu!”. Você retoma as rédeas de sua
vida, sua autoestima..
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a
expressão de maior poder de definição do dito português vulgar: “Fodeu!” (ou
“fudeu”, mais vulgar ainda). E sua derivação mais avassaladora ainda: “Fodeu de
vez!”. Você consegue definição mais exata, pungente e arrasadora para uma
situação que atingiu o limite máximo imaginável de terrível enrascada?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um
providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando
você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de
habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar.
Confesse: o que você fala? “Fudeu de vez!”, é claro.
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